Saturday, September 18, 2010

Rafael

‎"Sabes... tia Joana... quando for grande quero ser bombeiro, médico e polícia. E militar e tratador de baleias e tratador de peixes. E também vou ter um reboque daqueles com sirenes. Vou salvar o Mundo."

Thursday, September 16, 2010

Deolinda, é o nome da minha Mãe

Jardim do Eden e...

“Era inverno e tinha um vaso vazio onde deixei que se colocasse uma semente. Não era uma semente particularmente serôdia. Era uma daquelas sementes que já estava destinada a germinar meses mais tarde, na altura propícia, essa estival.
Ainda que de modo incipiente, colocámos-lhe um pouco de substrato com a beleza da viagem e regámo-la com o suor dos corpos.
Só de olhar para ela já a sabia... diferente?..., percebia-se já o verde de vitalidade dos seus limbos, a grossura das suas nervuras plenas de seiva quente, pedúnculo direito de força, flores multicolores, frutos suculentos, androceu, gineceu, estames, estiletes, ovário...Parafernália de natureza e de beleza, que faria sombra a qualquer outra planta no jardim, não pelo tamanho, mas pela sua harmonia no desequilibrio!
Seria uma planta alada, folhas como asas do sonho, voaria no infinito!
Reguei-a de memória, ilusão e literatura... mas controlei o seu crescer com a incompreeensão do desconhecido... E outras plantas germinaram, brilharam, deram seus frutos e depois pereceram, como acontece a todas as plantas sazonais.
Nunca chegou a eclodir, mas cresceram raízes e de tal forma se incrustaram no vaso que parecia estar preparada para se deixar ficar pelo meu jardim à espera de melhores dias... Hoje já não tenho mais terra com que a alimente, nem líquido com que a regue, pois mesmo as lágrimas já secaram...
Afinal era uma semente banal! Dessas que nem escolhem a beleza dos vasos onde se deixam pousar, que só pelo vento se deixam guiar e nem tão pouco são raras...”

Ana "O Jardim do Éden" Setembro 2010



Que te explode a alma. Então deitas-te. E são ondas de água que te cobrem…ou descobrem. São pernas ao alto que descem até ti. E és tão bonita. Talvez o anjo te proteja. Talvez te prometa.
Sentar-me-ía. Dançava até não mais poder chapinar.... Deitava-me junto a ti… e as minhas pernas são maiores que as tuas. Então ficavas tu… só tu.
Mas jamais te deixaria sozinha.

1966



Que se pode dizer de uma mulher tão bonita.

(fotografia de alguém…)
"La noire de..." (Ousmane Sembene, 1966)

Miguel Bombarda



Obrigaste-me a desacelerar.
Então chegou a lentidão.
O ultrapassar de uma velhota imensa demora uma eternidade.
Até ela se incomoda. Teria dado para uma longa conversa de vizinhas.
A freira trajada a preceito que se cruza. Negro com negro e uma nesga de branco e uma cruz enorme ao peito, cravada de simbolismos e de significados… quase os vi a todos.
Três raparigas, do amarelo ao roxo, tacão alto, esvoaçantes… Aproveito para descansar e admirar o que invejo. Andam depressa.
E um pobre que me vê suada e cansada e não me pede.
De resto é uma ventania de gente que corre.
Ninguém passeia.

Friday, September 10, 2010

Foz do Douro ou o Oriente



Ouço o mar… só.
Enlouqueço.

Estão várias pessoas na praia, sozinhas, imóveis, com o intuito de se bronzearem.
Meninas, senhoras e homens de certa idade.
Cada qual sozinho e imóvel.
Profundamente castanhos.
Todos de tanga ou biquíni enfiado no rabo… com o intuito de se bronzearem.

Que diria uma vietnamita de alta sociedade vestida de branco com luvas e chapéu, para se manter imaculadamente pálida.
Para não falar de uma afegã zelosa da sua burka azul.

Já as gaivotas, essas não mudam de cor. As pequenas e cinzentas são mesmo pombas que pela proximidade à beira mar aprenderam a planar.

Caranguejos não se avistam, nem gentes do oriente.

Friday, September 03, 2010

Anos 2030



Uma rapariga loira de imenso cabelo apanhado com um vestido de malha às riscas azul e branco. Bebe um chá que delicadamente serve com as duas mãos. Não fuma com boquilha longa como a Audrey Hepburn mas parece-se com ela. Senta-se e move-se como ela.

Eu precisava de uma dose de delicadeza que talvez adquira quando serenizar… a minha mente perversa. Talvez por isso a referida actriz esteja pendurada numa das minhas paredes. E eu prezo bastante… as minhas paredes. Embora de serena ela tenha pouco… a actriz. Transparece-o enganadoramente.

É uma imagem dos anos 30.
Só faltam 20 anos para os próximos anos 30. Ainda tenho esses todos para te conseguir transmitir serenidade.