Friday, July 24, 2009

Ausência


Passaram-se meses desde que escrevi a última vez.
Passaram demasiado depressa.
Continuei a esforçar-me por ver... para além dos minutos acelerados.
Não passei um dia sem observar.
E vi... e observei.
Muita coisa... muito mais do que o faria em qualquer dia banal. Muito mais do que queria.

E observei sempre da forma errada... ou já teria escrito.
Ou certa... Certa, mais seguramente falando.
Simplesmente me preenchi de tanto amor que me esqueci... de que gostava de escrever.

Acabaram as tragédias da incerteza e o amor tornou-se firme, concreto.
Factos inimigos dos ecritores... ou não fossem os poetas os mais românticos em mundos de ilusão.
Nenhum poeta conheceu o amor... o amor que perdura. Ou se o conheceu, deixou de escrever... para o viver. E nunca ficamos a saber.

Neste momento não descortino o certo do errado. Canso-me de identificar a dualidade, condeno-me de tomar um dos lado e de defendê-lo... porque sei defendê-lo bem, melhor do que acreditar nele.

E páro com as reticências porque me disseste serem exageradas... embora reflitam o meu pensamento... as pausas do meu pensamento.
Portanto não concreto... nem certo... mas numa tentativa de o ser. Espero que um dia as entendas como parte de mim... às reticências.

Observei para depois escrever. E observei e observei... as normalidades e anormalidades... do dia a dia, as gentes estranhas e ditas normais, as conversas banais e anormais, as gaivotas que invadem a cidade, e o triste episódio em que uma comia uma pomba a dois passos de mim, as estátuas em que nunca reparei mas que me marcou aquela do soldado da primeira guerra... tão distante... a guerra... e tão próxima... a estátua. A árvore de magnólias roxas.

Sempre sem tempo ou sem saber o que escrever.
Um vazio intelectual... ou a ausência de partilha infundada.
Ou o encontro de um amor que me preenche.

Lembro-me de dois rapazes chineses numas escadas rolantes. E de 5 bombeiros atarefados com um a pequena fogueira na manhã de São João. Lembro-me de memorizar momentos bizaros e bizarrias. De parar mais do que um instante perante a tal estátua do soldado desconhecido.
Lembro-me de me obrigar a comtemplar e de acabar a simplesmente contemplar... como quem decide no último instante não levar a máquina fotográfica.

Dança comigo a primeira valsa da Primavera.