Saturday, October 29, 2011

HOJE - TOMO 1

É como uma máquina de escrever…
Uma máquina de escrever onde cada tecla é uma letra que se imprime ao carregar.
Faz barulho… um barulho metálico mas que soa a livros.
É por antigos hábitos de máquina de escrever que martelo nos teclados. Não estou chateada quando escrevo mas só sei escrever a carregar nas teclas com força.

Um sono incontrolável.
Ouço o barulho de uma rega automática mas não a vejo. E uns pássaros e etc. Mas o que interessa. Não interessa para nada. Há uma pausa aqui.
Não tenho sono mas entedio-me… de ao escrever e de por muito mais que carregue, não ouça os barulhos das antenas… das máquinas de escrever. De ver as letras subirem alto antes de martelarem… a folha.
E o barulho de chegar ao fim da linha e começar outra vez.

Sim … se tivesse uma máquina de escrever podia escrever o livro : O Homem das Centopeias.
Não um livro de poesia mas um livro bizarro.
Ou então podia ir até ao lago e apanhar um sapo.
Mas isso dar-me-ía muito trabalho.

Existe um Homem que mata centopeias.
Existem os contactos dele por aí.
Existem vários livros importantes que andam no banco de trás do meu carro à espera.
Existem pessoas interessantes no Mundo que ainda não conheci.

Não se pode voltar atrás quando as letras se imprimem no papel. Não deves saber disto.
Não posso ser contrariada. Mantenho caprichos da minha infância… a que lhes chamavam personalidade e agora são reduzidos a mau feitio.
Tudo é perfeito. E na perfeição falta o pormenor.
Falta sempre o pormenor.

Falta alguma coisa. Mas … acaba.
Existem gentes que me dizem que não pode ser.
Cheias de não poder ser. Cheias de… e com tudo…. Percebo o ser humano que nunca está bem.
Então o Homem das Centopeias.

Desço de tacões e rego.
E os helicópteros não param de vir buscar água.
Por isso encontro um sapo. O príncipe de alguém.
Parece não fazer sentido mas… não achemos que o Mundo é feito para nós.

E como se ouvisse o teu piano… esperava.
Como pode ser tão difícil? Quando está calor é difícil… o movimento… o sapo imóvel… o príncipe.
Uma nuvem de fumo assusta-me, entristece-me.
Detesto o som das teclas do computador. Preciso da máquina de escrever. De sentir as letras. Preciso de sentir…

Já não fumo mas fumava agora… um SG ventil. Os pequenos pacotes cinzentos de cigarros igualmente pequenos fizeram homens grandes tossir fortemente por este mundo fora.
E esta breve história também não interessa para nada.
Não é uma vontade essencial. É mais um capricho.
Tenho algo de caprichosa que se confunde com uma teimosia transmontana herdada.

Página 3 de 4 ou 2 de 3 e não tenho nada a dizer… estou apática como disse, ou não.
Ou tanto sinto que não consigo... dizê-lo.
Não me permites a tristeza. Mas faz parte de mim encontrá-la num canto escuro.
Não me sento lá, nem rego cantos escuros.

Mas o Mundo não é redondo… como se pensava.
E o calor tolda-me o espírito.
Eu nunca fiz uma música.
Mas apaixonei-me por ti que me fizeste uma. Estava eu deitada numa cama de um hotel em kYOTO. Pronto já não é segredo.