Friday, January 27, 2012

Nós, os lírios de Van Gogh



Quando o teu corpo me aperta há muito que é manhã.
Não te consigo deixar.
Desgastei os meus pensamentos matinais, que me dominam e escrutinam.
Mas tu abraças-me a dormir… e eu não me consigo deslargar.

Como uma loja linda avermelhada e de madeira e é inverno.
O chão é de madeira.
A doença não te vai vencer.
E eu amo-te profundamente.

Dá-me um beijo. Que te prometo que te preencho. De amor.
Prometo-te.
Que o meu corpo vai gritar por ti.
Que o céu me vai lembrar.

As minhas lágrimas de hoje vão ser mais doces.
Vão ser sorrisos.
Um desejo por ti.
Pela tua voz que tão distante me fez agarrar-me a um telefone velho e…

És a minha luz e não te quero apagar.
Não te quero perder de vista.
Os dedos do meu pé apoiam-se no chão e o meu calcanhar toca por engano no ferro gelado da cadeira e eu arrepio-me.
Os meus dedos perdem-se nos meus cabelos. Saudades dos teus. Porque é noite… a hora da saudade.

O chão está quente.
Borrato tinta da china furiosa por não saber pintar. É tudo bege menos a tinta.
O desejo perde-se.
Fotografias gastas cheias de sorrisos.

O que me preenche dura segundos. Segundos.
Sou um ser louco que precisa de regulação tipo botão de rádio antigo a tentar a sintonia.
Em casa.
Havia algo na música que me fazia dançar e mexer-me…

Há algo em mim que me estarrece e me prega ao chão. Gostava de ir sair.
Perdeu-se a existencialidade das drogas.
Pura maturidade…
Que alegria a não depressão. Confronta-se a constância, emergência de nenhum acaso.

Paz… de espírito. Que espírito?
Dedilhas no piano e começam violinos.
Uma lua enorme , enorme, enormemente enorme. Amarela.
Nos bons momentos estou nos teus braços numa noite amarela, entre os teus braços e cobertores.

Vejo-me anos antes.…
Levou tempo a construir alguma coisa de jeito.
Irrito-me com a monotonia e eventualmente chateio-te.
Abano a tua também inércia.

E há sons que mexem.
Verdade universal.
Mexem, entram, remexem… acordam bichos adormecidos.
Existem lacunas perfeitas nas memórias de quem é feliz.

São vozes de fundo que aparecem num crescendo que se torna desconfortável.
E se tudo fosse misturado…
Eram corredores estreitos e uma azáfama de gente semi-despida…eram os corredores de Royal Albert Hall… era eu uma miúda…
Tanto pó de arroz pelo ar… tantos vestidos perdidos e chorosos ... tantos espelhos apressados.

Se algum dia ultrapassar a terrível inércia…
Se aparecer desenhada no meu corpo, a tatuagem do ano do dragão.
Aquele Homem morreu… como é possível se ainda agora o conheci? Como é possível? Como é possível que me fechem aqui????
Que não possa andar por aí? Ver as cores do fim da tarde nas paredes sujas. Ver como elas ficam quando estão sujas. Se não me salvasses da loucura…

Tudo se mistura numa chuva de acontecimentos. Numa chuva de chuva torrencial.
Tristes são as nossas breves vias.
Vence-se a inércia.
E havemos de dançar tango.

Nessa noite faremos amor como nunca.
Sabes que temos de o fazer.
Abraça-te a mim, amor.
Ouvem-se vezes seguidas para não se perder o fio … do novelo que se enche de historias amarfanhadas por outras historias

Num instante eu espero.
Só um instante. Por ti. Será possível gritar…?

5 Comments:

Blogger King of Visigods said...

This comment has been removed by the author.

4:42 PM  
Blogger King of Visigods said...

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4:45 PM  
Blogger King of Visigods said...

Inebriante, como um carrossel de emoções. Gostei muito!

5:03 PM  
Blogger King of Visigods said...

À terceira foi de vez! Bj :)

5:04 PM  
Blogger Migla said...

É isso mesmo, inebriante!

11:52 AM  

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