Saturday, June 30, 2007

Yann Tiersen


Yann Tiersen 23 Junho 1970 Brest

Friday, June 29, 2007

Ilusão

Uma sensação monótona resolvida por actos mágicos.
Vazia de realidade e a transbordar de ilusão. Uma ilusão onde se entra por uma porta estranha ou nem por isso assim… pintada de verde escuro como os bancos de jardim, mas onde já se arrancaram bocados de tinta enquanto se esperava vez. Uma porta que está num corredor discreto numa casa de pedra enorme onde todos vão frequentemente… mas que quase ninguém se lembrou de para aí se desviar.
Há miúdos que espreitam por uma fechadura enferrujada… mas nunca ninguém lhes perguntou o que viram. Geralmente são rufiolas de pouca idade cheios de vida, de calções rotos e pés sujos.
É uma madeira velha a do chão, daquela que torna qualquer um inevitavelmente presente. E desses miúdos só tenho a imagem de uma debandada geral cheia de risadas e olhos brilhantes.
É um corredor que não fica no alto dessa casa velha tão conhecida. Muda de lugar cada semana. Não está assim tão longe da realidade. É até banal como em qualquer casa do centro da cidade, com um pé direito muito alto e um tecto que em tempos foi deslumbrante.
Só ligeiramente afastado… mas tão perto que ainda se pode ouvir a música ao longe. Nada de um sítio silencioso ou assustador ou estranho.
Há alturas em que se faz fila para entrar… não respeitada obviamente por esses miúdos que vivem lá… e mais de lá saiem do que entram. Ficamos à espera de vez nessas alturas. E é nesse corredor para a ilusão que nos vamos conhecendo.
A casa é enorme e cheia de andares também com degraus de pedra. Cheia de paredes caídas que mostram a cidade onde todos vivemos.
Não conhecendo esse pequeno acesso até parece estranho que mude de andar e de norte com tanta frequência.
Para lá dessa porta…
E em todos os andares vive-se consoante o que se quer. Tanta oferta que baralha. E sobe-se e desce-se escadas. E é a realidade que se procura ou que se vive.
É só um pequeno engano naquele labirinto de sabores que faz um desvio. Um desvio que muda vidas.
E enquanto alguém esperava para entrar riscou a porta com dizeres íntimos. São esses que tento decifrar sem muito me preocupar enquanto espero que esta maçaneta redonda se decida rodar.

Sunday, June 24, 2007

Lost in translation

48h


Um pequeno filme de 48 h. Um filme de um Wong Kar Wai indiano que vive há demasiados anos em Goa e se transporta para este espaço.

Wednesday, June 20, 2007

Um sonho


É uma paisagem estranha. Tem o mar e a praia e eu vejo-me nesse areal imenso de frente para o mar para aí às 8h da manhã. Ainda sem ninguém à minha volta. Nem sei se chego a mergulhar.
Para trás está esse pequeno lindo hotel que não sei bem se é meu ou não, mas que me é estranhamente familiar. Tem uma rede branca na varanda e pelas janelas perde-se uma música suave. Cheira a pão fresco e yogurte.
E mais atrás há uma montanha enorme que se veste de floresta tropical.
Eu sei que aí há um rio onde costumo passar tardes a fio, onde nado, onde ouço o barulho da água, aquele barulho de quando se nada numa piscina de riscas azuis vazia dos seus habitantes habituais. Também sei que não formigas nem moscas.
Tenho uma imagem das minhas botas pousadas numa pedra enorme e quente. Não é um rio fácil.
E vejo-me nessa praia, sem nunca perder o hotel de vista. Às 19h, com o pôr do sol e uma luz alaranjada. E uma música perfeita e com sorte até teria uma prancha de surf.
Muito perto ou a menos de uma hora há uma aldeia asiática onde conheço toda a gente. Curiosamente é aqui que estou, no meio deste povo de outro mundo, quando todos os sul americanos que conheci foram os mais doces da minha vida. Foram as melhores recordações que guardo de viagens, ou mais sinceramente… de gentes.
Mesmo sem saber como ali cheguei. Uma aldeia com vida e cores e cheiros e um marco dos correios daqueles vermelhos antigos que já quase não se vêem, mas que me ligam ao mundo. Têm quase tudo o essencial… ou o que seria essencial nessa minha existência imaginária.
Entretanto eu tenho uma mota para lá chegar. E ainda tenho os cabelos compridos.
E uma aldeia grande com mais de 10 ruas e um mercado. E embora pareça que conheço toda a aldeia isso é mentira.
Nem sei se sou médica nesta vida de outra dimensão.
E são 11h e tenho fotografias de todos os lugares onde estive e cadernos de apontamentos e textos de todos esses lugares. E é aí que vou escrever o tal livro. Para quem, não sei bem. Talvez para os meus sobrinhos e para os que viajaram comigo. Ou talvez para mim própria quando for grande.
Uma imagem perfeita que nunca me cansa.

Friday, June 01, 2007

Maturidade, texto de alguém


"É como o brilho do Sol, mas não ofusca tanto nem fere a vista.
É um som agradável e ressonante, mas não adocicado.
É uma espécie de paz. Não exige atenção. Já não há necessidade de agradar.
É aquele ponto em que já não pedimos que nos compreendam.
É um sorriso que perdoa todos.
É a tranquilidade de cada um, a distância do mundo material.
É um patamar alto que conseguimos alcançar sem subir.
É quando a massa da paixão está pronta, quando o som estridente na montanha dá lugar a um gemido quase inaudível e os regatos se juntam num lago."

Le Bruj, uma doce recordação