Friday, May 30, 2008

Amor


Amor… essa palavra difícil.
Difícil de sentir, de dizer, até de descrever… difícil de tudo.

Ou terá Deus criado o Amor?
Ou não terá sido um engano dele ao misturar os pós dos sentidos que nos queria despertar. Como um mago louco fechado no seu castelo bicudo no cimo de uma montanha também bicuda.
O que lhe terá passado pela cabeça? Não bastava o desejo… tão pelas religiões criticado? Não bastaria para isso a paixão? …vai e vem tão superficialmente…

Amor… vai tão para além de todos esses desejos...
Tão para além de qualquer lógica… para além de qualquer sentido…

Ou terão os Deuses criado o amor… simplesmente porque já se amavam…
Porque eles próprios não sabiam lidar com ele, o Amor.
Assim seríamos o que temos sido… uma espécie em busca da felicidade só suportável quando surgisse o Amor. Para Eles aprenderem o que também procuram…

Tantas músicas… sobre o Amor…
Essa palavra que criou os poetas e os fazedores de histórias.
Que fez do sorriso algo mais especial que as risadas de quase breve ou muita alegria.

Amor… difícil de alcançar… de sentir... de tudo… Tão perfeito e tão difícil.
Quantos corações se desenharam neste Mundo?
E terão os Deuses aprendido?

Quantos o terão verdadeiramente sentido? Sem o confundir com paixão ou até solidão?
Quantos terão verdadeiramente sido observados por Eles?

O Amor que nos faz olhar as estrelas e a lua e os astros e o céu e as estrelas cadentes…
Esse momento em que olhamos para cima em busca de uma resposta que não veio… ou veio...
Deuses tão perdidos quanto nós…. Ou mais ainda.

Dizem que Deus ou os Deuses ou esses senhores e senhoras são perfeitos… sempre imagens bonitas que amam… E será que descobriram? Algo tão precioso? Não seremos nós o sentido da sua existência?

Imaginá-los a olharem para os que de nós amam… torna-nos iguais e faz-nos sentir Deuses e Deusas. Ou muito para além disso… Para além dos astros e das estrelas e da lua e do infinito do Céu.

Amor. Aparece de repente. Como magia. Uma única vez. E quase dá vontade de Lhes dizer que descobrimos a resposta. E aí não temos que provar nada, não temos que procurar nada. Restam estatuetas a quem sorrimos.

Wednesday, May 14, 2008

Eugénio de Andrade


"Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha."

Tuesday, May 13, 2008

Estados de espírito


Estados de espírito não se controlam.
Aproveitam-se… os dias em que tudo é lindo e até o mais imbecil é simpático.
Dias em que se repara no verde da relva dos separadores da estrada.
Sinto o sol a aquecer a minha pele, quase a queimá-la de tanto o sentir.
O rio é o mais lindo.
E deixa de haver pressa para qualquer momento… vivem-se deliciosamente lentos.
Estados de espírito que se fossem comprados em pastilhas seriam drogas melhores que LSD.
O Mundo altera-se… ou não se altera… alteram-se os nossos sentidos.
A chuva bate-me e não me desperta. Faz-me sentir a minha pele e sentir-me sem vontade de me proteger.
Os prédios não os vejo sujos mas com desenhos do tempo.
Os cães não são vadios mas filhos do Mundo.
Estados de espírito que nos fazem flutuar.
E não sentimos os pés no chão… ou porque eles não o tocam ou porque sentimos muito para além disso. Quando tudo é adoravelmente leve. Como se as pétalas caíssem em câmara lenta. E os nossos olhos vissem todas as suas curvas ao cair sem nunca as ver no chão… porque este não existe.
Estados de espírito, imensos, constroem, destroem, arrancam-nos de um torpor que se tenta instalar.... estados de sobrevivência da Espécie.
E destroem… se deixarmos. Mas são longínquos esses, tão longe estão.
Quando entramos em sintonia… com esses estados de espírito… a Vida quase alcança a perfeição. Flúi como deve fluir… surge como deve surgir… acorda-nos para Ela e obriga-nos a sorrir. E nem notamos que nunca foi assim.
Estados de espírito de tranquilidade e de amor. Aproveitam-se… sem preocupação que fujam. Sem preocupação que não voltem a existir… parecem eternos e assim se sentem.
Lindos onde tudo é lindo. Onde os medos se afogam em flores e carícias.
O Mundo é o mesmo e a Vida é a mesma. Mas mais linda… muito mais linda, mais tranquila, sem receio do Mundo… essa coisa de definição difícil que engloba tudo.
Estados de espírito que podem ser raros e não se podem perder. Que nos fazem arregalar os olhos, abrir os braços ao céu e sorrir… ou até rir. Ou até mesmo rir. E aí não podemos parar porque é bom demais.

Thursday, May 08, 2008

Manga


Sword Dancer