Anos

Música

Rève causé par de vol d'une abeille autour d'une grenade une seconde avant le reveil

Com o que é que tu sonhas? Ou segues o caminho que te foi sugerido por outra geração?
O que sentes quando ouves música?
Vibras como eu?
Há dias em que só acendo uma luz ténue e em que me deixo a flutuar. Nesses dias ouço música e deixo que ela se apodere de mim. Quase vejo notas esbatidas que me embrulham. E deixo-me levar.
O que sentes quando cantas aos gritos como um apelo de liberdade ao Mundo?
O que sentes quando acordas?
E afinal tu sonhas?
Há dias de lua cheia com cheiro a terra molhada. Há dias desses quase silenciosos indignos de uma cidade.
Nesses dias abro a janela. Não sonho, nem ouço música. Estendo-me ao comprido e esqueço destinos por traçar.
Admite que há músicas na tua vida que te transtornam as emoções.
Que te levam para outras vidas e outros mundos.
Algum dia sentiste milhares de imagens a passarem-te à frente? Algum dia te encontras-te nalguma delas?
Não sei como surgem ou donde vêem. Se de uma parte de mim que eu própria não conheço, enviadas de mim para mim.
Quais são as tuas imagens, aquelas que mais ninguém vê?
Em tempos toquei piano. Enfiei os meus dedos em teclas pretas e brancas. Na alegria e na tristeza, na euforia e nos momentos de raiva. O som era meu e o que eu queria dele. Podia manipulá-lo para deleite dos meus sentidos.
Há dias, muito poucos, em que me encosto a uma parede e páro para ouvir. Quase é preciso pedir-lhes, aos sons, para não se misturarem.
Mas depressa aprendes a separá-los.
Nem acreditas no que se descobre nesse mundo aparentemente oculto. E aí sim, tenho a certeza que a vida te passa pela frente, imagens reais ou não, mas que de alguma forma serão parecidas com as minhas.

Sofia

Esta menina é a minha irmã mais velha. A cor preferida dela muda de ano para ano!
Tem 11 anos e é bailarina.
É ela que me ensina coisas que eu não sei ... ou que já esqueci.

In the mood for love

Cuba

Faltam uns dias para ir de viagem e não penso noutra coisa… ou em algumas mal resolvidas que vão ficar por resolver porque já não há tempo.

A excitação é tanta que faço tudo a correr para ver se o tempo passa mais depressa. Não perco tempo em ler sobre Cuba, só em sonhar…, e a pensar que o tempo que vou vai ser muito menos do que o que eu queria. Saber algo sobre aquela ilha cheia de estigmas só me ía dar mais vontade de ficar mais tempo que não tenho e pior, dar-me-ia vontade de visitar todas as pequenas aldeolas. Assim me parece que o melhor é chegar e ir para onde os ares do dia me levarem.

Um dia antes tirarei a minha mochila azul da prateleira de cima do armário, enfiarei a minha máquina fotográfica no meu saco verde e os chinelos da última viagem que ainda se aguentam. Vou abrir o livro e escolher um quarto com uma varanda numa casa de Havana onde vou dormir como uma criança.

E quando acordar vou ter 34 anos, sem perceber bem como os números da idade passam. Podes-me imaginar de cotovelos apoiados no corrimão às 10 horas da manhã, com o ar mais sereno que ainda não conheces de mim. Com os meus pés um em cima do outro aquecidos pela madeira quente do chão e o sorriso de quem viaja.