Friday, August 31, 2007

A. Hepburn


Num dia deste ano, muito no princípio, estava na rua do Almada por volta da 1h da manhã. Entramos numa loja cheia de gente, ou com alguma gente. Ao fundo havia um frigorifico daqueles antigos e gordos cheio de cervejas. A loja estava repleta (e ainda estará) de COISAS compráveis. Caras demais para o efeito e para a hora. Mas entretanto eu cheguei e meti as minhas mãos entre fotografias esquecidas enquanto todos conversavam. Sem perceber bem donde conhecia as gentes, simplesmente porque os contextos estavam todos baralhados, encontrei a fotografia que sempre deveria ter estado em cima da minha televisão. E assim foi. Não é esta… mas é parecida.

Saturday, August 04, 2007

Um estranho em Goa


Um estranho em Goa é um livro pequeno que comprei há mais de um ano e que até hoje nunca tinha saído do monte. Perto do mar. Muito perto.
“Los viajes son una metáfora, una replica terrenal del único viaje que de verdade importa: el viaje interior. El viajero peregrino se dirige, más allá del último horizonte, hacia una meta que ya está presente en lo más íntimo de su ser, aunque aún siga oculta a su mirada. Se trata de descubrir esa meta, que equivale a descubrir-se a sí mismo; no se trata de conocer al outro”
…uma brisa que me faz não invejar tanto os corpos que mergulham.
“Homens com cabeça de elefante, outros com cara de macaco, mulheres com seis braços, como as aranhas, é uma colecção de monstros. Agora olhe para Nossa Senhora, tão linda, veja como a luz se desprende dela…”
…meu pensamento na Índia, em Ganesh e Hanuman, sem no entanto saber qual a deusa hindu dos 6 braços… Lakshmi, a esposa de Vishnu tem 4 e Parvati, esposa de Shiva, ou a sua outra forma, Durga, tem 10.
… troco o mar pelo Ganges, rodeada de miúdos a acenar postais.
“E ela pisava nos astros distraída”
…em Anjuna no seu mercado que parece ter séculos de existência. Um mercado tão famoso que nos desilude pela sua fealdade no meio de um bosque que dá para a praia.
…banhos ao entardecer em Goa.
“Na cruz suática dextrogira, presente em inúmeros templos hindus, cada braço simboliza um plano da existência – o Mundo dos Deuses, o Mundo dos Homens, o Mundo dos Animais e o Mundo Inferior; no Budismo representa o Selo sobre o coração de Buda, e no Tibete é usada como um talismã da fortuna e da boa sorte.”
…em todas as portas… o frio gelado das montanhas e sol que cega.
"Belas mulheres lamanis, de karnataka, com os seus pesados anéis de prata presos às narinas. Reparem nos vestidos, de cores vivas como incêndios, com pequenos espelhos costurados no corpete, fiadas de moedas que tilintam nos debuns. Reparem nos brincos, nos anéis enormes, nos múltiplos colares, nas pulseiras flamejantes, nas grinaldas de flores macias.”
…a rapariga muito escura de Pushkar de sari violeta e com os olhos verdes mais brilhantes.
“Reconheci as dez encarnações de Vishnu – um peixe, uma tartaruga, um javali, o homem com cabeça de leão chamado Narasinha; o anão Vamana, o sacerdote guerreiro Parashurama e o seu machado; o Príncepe Rama, Rei de Ayodhya, cuja história é contada no épico Ramayana; Krishna, Buda e finalmente o homem cavalo Kalki – que ainda não chegou, há-de chegar, e quando isso acontecer termina o mundo.”
…postais coloridos dos deuses hindus.
Ásia sem fim.