Chuva
Mal te vejo
entardecer, de tantas lágrimas...
E escureces com
meia dúzia de luzes alaranjadas que ficam pelo caminho.
Eu choro, choro
muito, em quantidade de lágrimas, choro em quantidade.
Como se
chovesse.
Tudo se embacia,
até o papel e borrata.
Começa assim.
Gostava de ter um lagarto
verde que andasse sempre no meu ombro.
Seria daquelas
pessoas "estranhas" a quem ninguém se quer chegar.
A não ser que
vivesse em Beirute.
Entre chorares e
arranhadelas há uma parede branca que serve de tela.
E terra nos pés
que nos dizem ser real.
Se o pão não
estivesse quente tudo poderia ser duvidoso.
Mas amo-te.
Num silencio
atroz, a tua voz arranhada estremece.
Tens os head-phones.
E estas noutra dimensão.
Como se ao longe
cantasse uma tribo.
Ou como se num
quarto silencioso eu te cantasse uma canção ao ouvido, para nem as paredes
ouvirem.
Depois de um
carrossel em que o dia entardece suavemente, um dia em que alguem faz pausa no
entardecer, eu estou aqui.
Uma luz
inclinada, um mar enorme algures, mas não aqui. Não vivo sequer junto ao mar.
Entretenho-me a
ouvir os ecos da festa da junta de freguesia.
O sol esta a uma
casa de se por e eu vou morrer de frio.
Se cantares por
aí ouvirei o teu eco, como se enfiasse a cabeça dentro de um trompete.
É por isso que
percorro as ruas estreitas a pé.
É por isso que
vou parando aqui e ali, a ver se espreitas de uma janela. A ver se umas dessas
casas amarelas é a amarela que eu quero.
A ver se essas
ruas todas iguais se tornam diferentes pelo menos por um instante...
Aquele em que eu
atravesso a esquina.
A tua música
tolda-me o amor e bloqueia-me de arrepios.
Apareces em
instantes.
Como uma distracção apetecível.
Um Hang Drum perdido.
Como uma distracção apetecível.
Um Hang Drum perdido.
Assim tenho
estado eu em fuga para que o Mundo em mim não repare.
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