Friday, February 29, 2008

Magnoliaceae


Magnólia!
Hoje logo pela manhã deixei de ouvir as mil buzinadelas, deixei de ver os semáforos quase sempre vermelhos e fechei a janela por já ter o carro cheio de jornais grátis. Tudo isso porque o pequeno jardim que separava as duas ruas estava cheio de Magnólias. Quase todas lilases mas uma quase branca.
Em frente à antiga e tenebrosa urgência do Hospital de Santo António está uma lilás, linda, que alegra aquele edifício antigo, antes repleto de gente à espera de alguém.
Outra e a mais bonita, totalmente branca, contrasta com o edifício do outro lado da rua onde reside o Lar de Comércio e aquela sala cheia de velhinhos que olham para nenhures de olhos vazios.
Esta rua está cheia delas e ninguém deve reparar… é um ponto alto da pressa da Vida, aquele semáforo. Tanto estímulo sonoro desde tão cedo espanta qualquer tentativa de ver as Magnólias.
Ela está destinada a ser a planta que ninguém vê. Mesmo estando repleta de flores… o que é que isso interessa à maioria que vive de ponteiros sempre mais à frente que o desejado.
Nessa rua tão Porto, foi a primeira vez que as vi… hoje.
Fechei os olhos uns segundos e o barulho dos sapos a cair acordaram-me desse instante. Milhares de sapos que espantaram os que entregam os jornais grátis e todos os que por lá passam. Nem sequer se distiguiam as cores semafóricas banais. Milhares de sapos que me fizeram sorrir ao caírem esparrachados no vidro do meu carro. E outras coisas que surgem e me alegram e passam sem eu dar por ela. Mas a verdade é que sorrio e tudo é verde viscoso.
É mesmo verdade que existe esse fenómeno… da queda de bicharada do céu. E deve ser tão fixe. Tão mesmo fixe que hoje me fez estar feliz.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

...estás mais bonita...
...és uma dessas magnolias...

4:53 AM  

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