Álvaro de Campos
Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento.
Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda.
Adormeço sem dormir, ao relento da vida.
É inútil dizer-me que as acções têm consequências.
É inútil eu saber que as acções usam consequências.
É inútil tudo, é inútil tudo, é inútil tudo.
Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma.
Tinha vontade agora
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado,
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo.
Não vem com a tarde oportunidade nenhuma.
Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda.
Adormeço sem dormir, ao relento da vida.
É inútil dizer-me que as acções têm consequências.
É inútil eu saber que as acções usam consequências.
É inútil tudo, é inútil tudo, é inútil tudo.
Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma.
Tinha vontade agora
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado,
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo.
Não vem com a tarde oportunidade nenhuma.
1 Comments:
Vejam como é o impulso geminiano em ser uns numa pessoa só. Fernando Pessoa é de Gêmeos. Sol em Gêmeos, Lua em Leão e Ascendente em Escorpião. Pessoa não sossegou ser uma pessoa só. (E quem sossega?) Com este desassossego celeste, afinal nascera sob o signo que nem no nome é um, tratou de inventar corpo e letra para quem o habitava. E eram muitos. Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e, também um astrólogo, Raphael Baldaya, compõe a lista de mais de 40 heterônimos, isto é, pessoas do Pessoa.
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