Espelho

“Fascina-me o que vejo no espelho. Adoro-me e não paro de me levantar para me ir ver ao espelho. Tudo é perfeito, lindo. A cor dos meus olhos, o despenteado dos meus cabelos, os meus lábios apaixonados por mim.“
Joana, Outubro no Porto
Aconteceu-me algumas vezes… acontece-me.
No espelho desgastado no pátio do lavatório em Pushkar. Era fim da tarde e não conseguia largar a imagem do espelho… a minha. Os meus olhos estavam especialmente verdes nesse dia. Verdes como um Sari do Rajastão.
Dreamland, já noite, outro espelho velho que não sobreviveu aos ares do mar, sobre mais um lavatório, também num pátio. Uma luz foleira de uma lâmpada em queda iminente.
Serão os pátios em países estrangeiros? Talvez o tempo que consigo perder em frente a um lavatório quando viajo… me levam para dentro desse espelho num mergulho em mim própria.
Agora acontece-me em casa. O fascínio de mim própria por mim própria. A vontade de mergulhar no espelho e de me dar beijos sensuais. Sem falar. Só olhar e admirar o que no momento é profundamente belo.
Claro que por trás deste fenómeno está uma grande carga de felicidade. Não me parece ter nada a ver com o lavar das mãos… embora essa frescura emita arrepios de movimentos subtis.
E a capacidade para o dizer abertamente… Não é egocentrismo mas uma sinceridade momentânea, sem medo das reacções que essa afirmação possa provocar em vocês. Este sim, é um passo profundo na abertura da minha mente ao Universo.
4 Comments:
Que bom que é termos um espelho, seja de vidro ou humano...
quebonito é quando somos capazes de nos VER.
carago e eu que já nem me lembro de ver a cor dos meus olhos,...pois é!! os teus são verdes
Já não é possível enrolar mais esta erva
nos teus dedos;
os teus dedos
já não tocam o nervo da noite
e o fumo violento
que inalas a desinfestar a alma
faz-te vagarosa beleza.
Anseio por mais posts neste blog!!!
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