Friday, July 11, 2008

Cor Visser







Rangoon, a cidade de Aung San Su Ky.
Mandaley e o meu amigo monge UKondola.
Bagan e os seus mais de 2500 templos de perder de vista.
Inle em estacas e o orfanato de Cor.


Cheguei a Inle Lake de noite depois de 11 horas de viagem.
Lembro-me do instante em que saí do carro. Lembro-me que estava escuro e que só via o pequeno hotel de madeira onde ía ficar e a estrada de terra mal amanhada que me levou lá. Supostamente estava ao pé do lago… mas a essa hora não se vislumbrava grande paisagem.
Lembro-me de ter sentido um ataque de solidão nesse instante.

Nessa viagem acordava sempre de madrugada, quase de noite ainda, e foi no meu despertar que vi o lago... a aldeia... birmaneses de bicicleta a cantar... o Buda enorme colorido ao longe, intacto no seu templo de pedras quase todo destruído... birmaneses incansáveis a carregar tomates 24 horas por dia... os monges de vermelho de um lado para o outro... meninas com rosetas de pó amarelo na cara... um mundo pacato e encantado que a natureza privilegiou.

Em Inle passeava-se, lia-se, e voltava-se a passear. Um dos locais deste Mundo onde a beleza da terra e das gentes preenche a alma, e nada mais parece importante.

Foi numa dessas manhãs em Novembro de 2003 que conheci Cor Visser.
Sempre a primeira a habitar a varanda, escrevia sobre estranheza e encantos da aldeia em estacas no meio do lago, quando ele chegou… muito mais cedo que os outros.
Um homem dos seus 60 anos, holandês, que desde 1996 vivia parcialmente na Birmânia. Fundara um orfanato para crianças em Minethauk, a uns minutos de viagem de barco. Incansável no seu projecto e com um coração enorme, com histórias de contos de fadas. Algo tímido até, para alguém que escolheu esta forma de vida. Um homem que merece toda a minha admiração.

Durante estes anos foi-me mandando notícias dos miúdos que conheci. E desde essa altura que anualmente mando a minha pequena contribuição para a sua fundação.
Lembro-me de me ver numa fotografia no site do orfanato que ainda hoje lá está… e de ter ficado toda orgulhosa.

Há dias recebi um email do filho dele. Morreu na Birmânia, a terra que tanto amava, em Dezembro de 2007.
Senti uma profunda tristeza nesse dia.


A Birmânia foi provavelmente uma das viagens mais especiais da minha vida, por diversos motivos, talvez o mais importante o confronto comigo própria num país esvaziado de turismo.

A ela sempre associarei a imagem de Cor e a sua admirável nobreza.

http://www.careforchildren.nu/inlelake/orphanages.html

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