Friday, December 21, 2007

Pablo Neruda


Sem mais pensei nos carteiros… figuras que não se vêem mesmo sabendo que passam diariamente na minha casa… pensei que queria sentar-me na soleira da porta à espera de ver o homem de sacola ao tira-colo e de andar apressado cheio de envelopes nas mãos… já separados para este aglomerado de casas…
E os pensamentos são fortes e não me sentei na soleira da porta e hoje vi-o e não resisti a perguntar: “o senhor é carteiro?”
Ele ziguezagueava entre caixas metálicas junto aos portões e tinha um saco ao tiracolo.
Abrandou o passo sem parar porque não faz parte da sua essência parar e disso ambos sabemos por isso me apresso a perguntar quando chegará a carta que mandei ontem.
A carta de envelope cinzento que obviamente ele não sabe qual é e que deixei numa estação dos correios à meia-noite de há dois dias.
Em instantes os meus olhos estão arregalados à espera da sua resposta e o meu olhar foge para as suas mãos… imagina-as instantes antes nesse mesmo dia (porque a rua do destino é muito perto) com o meu envelope cinzento cheio de páginas escritas a cair dentro de uma caixa que é a de alguém que amo. Imagino-o cheio de cuidado com as duas mãos porque pressente que é importante.
Sorrio quando me responde que é hoje.

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