Saturday, December 29, 2007

Timída, eu



Tímida… como ninguém… é de ninguém entender… a não ser quem cora e se sente a arder com palavras… a não ser quem passou uma infância a esconder-se nas pernas de alguém mais próximo… a não ser quem fez tudo para que isso passasse durante os anos de afirmação das suas vidas… a não ser quem sentiu o rubor ardente perante qualquer conversa banal.
Tímida… como ninguém… ou como toda a gente… talvez alguém entenda e tenha medo de o dizer… a sensação terrível de que estragamos tudo porque coramos… ou mais tarde, porque ficamos sem saber o que dizer quando havia tanto a dizer… ou a vontade imensa de fugir para sempre porque tudo se estragou…
Tímida… anos depois… porque ainda é mais difícil assumir uma timidez quando já ninguém nos vê assim… mas no fundo não nos libertamos desse estigma interior… e que nos dá uma fúria imensa de saber que este fantasma nos persegue… e egoisticamente só nos momentos mais importantes…
Tímida quando não devia ser… e não tímida quando o deveria ser… um erro de cálculo… um erro que me faz pensar onde errei neste meu processo de guerra à timidez, essa senhora que se impõe.
E a timidez dos outros que nos faz sorrir… quando pensamos que a nossa é parte apenas do passado… e compreendemos quem a sente… quase a acarinhamos e sorrimos… e a sentimos sensual nesse alguém… até ela voltar a nós.
E tímida como ninguém… agora que já não podia ser e que atrapalha e que não a sinto nada sensual em mim…
Mantém-se a guerra.

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