Um poema anónimo

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo meu amor,
já não flutuas.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
2 Comments:
" Adeus"
Eugénio de Andrade
As palavras gastam-se facilmente há que criar novas ou dizer as velhas de outra maneira. De qq modo o Amor/Amisade "diz-se" de muitas maneiras para além da palavra.
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