Primeira revelação

Hoje revelei a minha primeira fotografia.

Estava quase em bicos de pés, como se quisesse entrar dentro da tina do revelador. O papel mergulhado começou a ter vida. Imagens começaram a ter vida. E os meus olhos brilharam.

A ténue luz vermelha dá um ambiente acolhedor. Há música, não muito alto, e hoje estão todos silenciosos, espectantes com o seu trabalho.

Acabam os minutos de mergulho nas 3 tinas de liquidos e é uma correria para fora do laboratório. Esbarramos à saída. Uma sensação de que se não formos os primeiros a ver a imagem pomos em risco a sua existência.

Na água corrente as imagens misturam-se. Mas só vejo a minha e contemplo-a.

Mais tarde atravessei a rua da Vitória. Delicadamente entre cartolinas pretas transportei as minhas 4 imagens, como se corressem o risco de se partir. Atravessei-a de ombros erguidos, orgulhosa como uma criança, com as duas mãos à frente com as minhas novas reliquias.

Já em casa guardei-as no meu estojo A4 novo que comprei para o propósito.

Mais tarde vou sair com ele para o Mundo.